DANÇA EM 2 TEXTOS
Andando por aí achei o texto abaixo. É uma declaração de amor...
Como se tivesse nascido bailarina, seus passos sempre foram leves. Mesmo quando corre e perde o passo, ou salta do braço do sofá rumo ao chão frio, sabe cair como quem dança. Como se sempre tivesse usado saias esvoaçantes, desfila por aí com tanta naturalidade que ninguém sequer ousa imaginá-la em outros trajes. É de saias. Tudo leve, tule, seda. É certo que não escondem as manchas e arranhões da idade, mas quem vê suas pernas em plié não repara nos arranhões. Gosta de manter os cabelos soltos e causar efeitos de nuvens e plumas. Anda em giros, piruetas, saltos e molecagens. O gramado palco parece pequeno para tantas coreografias, a bailarina é espaçosa. A sala palco tem plateias imaginárias que ela cumprimenta com graça, na ponta do pé. E na ponta do pé ergue os braços, triunfante, à espera dos aplausos infinitos que sempre, sempre vêm. Nasceu bailarina e não pretende outra sina. De vez em quando se distrai e se senta, mas a natureza logo fala mais alto e a bailarina se curva, encosta a cabeça no chão e reverte tudo num salto grandioso, todo tortinho e perfeito. Às vezes é bailarina princesa, com vara de condão. Bailarina princesa fada dança seus dias em estradas de arco-íris. Da plateia, jogo flores. E se outra força falar mais alto ou se ela quiser mudar a brincadeira, tudo bem. Terei sempre seus passinhos de dança-menina marcando o tempo do meu peito.
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